O uso da inteligência artificial (IA) nas escolas é um tema urgente. A tecnologia já está presente no cotidiano dos alunos, seja de forma direta, quando interagem com plataformas digitais, ou indireta, nos algoritmos que moldam suas experiências online.
A escola, portanto, não pode se furtar de discutir quando e como esse contato deve acontecer.
Recomendações internacionais
Diretrizes como o AI Act da União Europeia e relatórios da UNESCO indicam que a introdução da IA no ambiente escolar deve ocorrer apenas a partir dos 13 anos.
A justificativa é clara: crianças menores ainda estão consolidando habilidades cognitivas fundamentais, como o raciocínio, a análise e o pensamento crítico.
Se delegarem cedo demais tarefas à tecnologia, correm o risco de perder oportunidades de aprender com os erros, construir resiliência e ganhar confiança em suas próprias capacidades.
A experiência PlayPen
Na PlayPen a abordagem é progressiva. Antes do contato direto com IA, os estudantes passam por três etapas:
- Uso consciente de gadgets
- Compreensão de softwares
- Cidadania digital
Projetos mostram como se aplica na prática. No projeto do 4º ano, alunos exploraram imagens rupestres geradas por IA. Ao perceberem erros sucessivos da ferramenta ao tentar decifrar as “mensagens”, concluíram que a tecnologia não é fonte confiável de informação. Uma experiência essencial para formar o olhar crítico e ensinar a questionar respostas automáticas.
No Fundamental, estudantes criaram deep fakes em ambiente controlado. A atividade, depois ampliada para famílias e visitantes em oficina escolar, mostrou tanto o fascínio quanto os riscos dessa tecnologia, desde impactos na reputação até a disseminação de notícias falsas. Assim, a escola abriu espaço para debates sobre privacidade, autoria e manipulação digital, preparando toda a comunidade para desafios reais.
Os riscos e o equilíbrio necessário
Os riscos do uso precoce da IA são reais:
- Dependência tecnológica
- Perda de identidade textual
- Dificuldade em perseverar em tarefas complexas
Mas excluir a IA também não é solução. O caminho está no equilíbrio: oferecer formação sólida em cidadania digital e pensamento crítico antes da introdução prática da tecnologia.
O papel das escolas
Mais do que aderir a inovações, cabe às escolas conduzir os alunos a uma relação ética, crítica e consciente com a IA. Não se trata apenas de ensinar a usar, mas de formar cidadãos capazes de decidir quando, como e por que usá-la.
O papel das famílias
Famílias e escolas precisam caminhar juntas. Limitar o contato com IA antes dos 13 anos é só parte do desafio. O essencial é manter abertas as conversas difíceis, sustentar a frustração dos jovens diante dos limites e oferecer referências sólidas para um mundo cada vez mais moldado pela inteligência artificial.